A caminhada iniciática do discípulo de uma linhagem ou tradição espiritual é um processo longo, trabalhoso e complexo, que envolve diversas etapas de seu desenvolvimento pessoal.

Essa jornada começa com um despertar espiritual que pode ocorrer de diversas formas, como uma experiência mística, um encontro com um mestre espiritual mais avançado, ou simplesmente uma forte vontade pela busca da verdade.

Àquele que recebe como privilégio a bendita oportunidade do encontro com um mestre, este o orientará em sua busca, direcionando-o nos caminhos e nas práticas que o auxiliarão a aprimorar seu conhecimento e autoconhecimento, visando aprofundar sua conexão com o Divino e a compreensão sobre as Leis, os planos e os veículos de manifestação do Espírito.

A ele serão apresentados saberes dos mais variados para o estudo, advindos das filosofias, ciências e artes, além dos fundamentos de diversas tradições religiosas e doutrinas espirituais, objetivando que o discípulo extraia o que há de mais valioso em cada uma delas, para que construa dentro de si um sólido e seguro corpo de conhecimentos, que o valerá nos momentos mais difíceis ou mais sublimes de sua seara.

Ao reconhecer que faz parte de uma linhagem espiritual e que sua jornada é decisivamente influenciada por aqueles que vieram antes dele, o discípulo, pela via da humildade, começa a trilhar os infinitos graus da sabedoria. E é justamente a experiência de seus mais velhos que o fortalecerá na passagem pelos diversos desafios e provas que testarão sua fé, determinação e renúncia.

O discípulo, portanto, mantém uma relação profunda e respeitosa com seu mestre, que invariavelmente será figura chave em sua jornada espiritual. Ele reconhece que seu mestre é um guia experiente e um modelo de conduta, responsabilidade e disciplina, expressando seu amor e gratidão ao honrar esta conexão através da prática diligente e do serviço ao próximo e aos propósitos de sua linhagem.

À medida em que o discípulo entra em contato com seus dons espirituais, ele passa a favorecer, com seu trabalho abnegado, as pessoas que se encontram em dificuldades de ordens e dimensões diversas do cotidiano. Mas, para além do auxílio com os lenitivos para as penúrias daqueles que o procuram por socorro, o discípulo, que em algum momento se tornará mestre, inicia aí, também nutrido de profunda humildade, a passagem de seus conhecimentos e experiência a outros caminhantes que, como ele, um dia sentiram a irresistível e incontornável vontade de trilhar os primeiros passos na estrada d’alma.

O discipulado então, em algum ponto, se consubstancia na iniciação, que representa novas e maiores responsabilidades sob a forma de ordens e direitos de trabalho, relativos ao seu grau. Para muitos, este momento representa a coroação de esforços e dedicação, como se fosse recompensa pelo labor prestado à linhagem e à comunidade. Mas o verdadeiro iniciado destarte já sabe muito bem que a iniciação é a capacitação para níveis mais elevados e amplos de serviço aos seus semelhantes.

Assim sendo, o iniciado, ao conectar-se mais profundamente com sua própria natureza espiritual, ao domar instintos e pulsões, ao encontrar dentro de si a sabedoria na conexão entre o conhecimento e o amor, floresce como a Lótus aos raios mais puros da Estrela Matutina no alvorecer, consagrando-se Mestre.

Agora, o mestre experimentará a relação com seus próprios discípulos, concretizada em uma estrada de mão dupla, pois este sempre aprenderá com seus discentes. Será desafiado por suas dúvidas e questões e encontrará inspiração na dedicação e vontade de aprender daqueles que, como ele mesmo, um dia iniciaram o árduo processo da busca espiritual. Assim, o mestre reconhece que seus discípulos são parte indivisível do seu próprio processo evolutivo.

A trajetória da iniciação de um mestre espiritual é uma jornada sem fim, um caminho sinuoso que se estende além do horizonte do tempo ou das bordas do espaço. Sempre há novos obstáculos a enfrentar, novas profundezas a explorar e novas alturas a alcançar. O mestre verdadeiro, de fato e de direito, continuará buscando o conhecimento e exercitando-o no sentido de não somente iluminar seu próprio ser, mas de propiciar aos seus discípulos a ascensão a esferas mais altas do aprimoramento consciencial.

A cada passo, ele se lança mais acima na espiral da vida, dançando com a luz da sabedoria e o fogo do espírito, em busca da verdade profunda que está além das palavras e do pensamento. Ele é e sempre será um farol de lucidez e inspiração para aqueles que buscam a iluminação, guiando-os pela estrada do despertar e da libertação da alma.


Nosso Mestre Ygbere completa hoje (17/04/2023) exatos 40 anos de sua primeira iniciação, no Quarto Grau da Umbanda Esotérica.

Seu começo na Umbanda se deu em meados do ano de 1979, no terreiro de Mestre Yamunisiddha Arhapiagha (F. Rivas Neto) localizado à Rua Lord Cockrane, no bairro do Ipiranga (São Paulo – SP). De início o jovem discípulo já recebeu seu nome iniciático e firmou seu compromisso com a Umbanda, com seu Mestre e com a casa que lhe acolheu.

Poucos anos depois, em 17/04/1983, Mestre Ygbere recebe das mãos de Pai Rivas sua Cruz Iniciática, que representa o símbolo do sacrifício do iniciado à humanidade.

Este momento portentoso certamente o inspirou, pelo amor de seu Pai Espiritual e pelas bênçãos das Santas Almas do Cruzeiro Divino, a prosseguir com luz, força e fé inquebrantáveis seu caminho na Umbanda, não obstante a sinuosidade do percurso ou o peso da própria Cruz.

Vida longa a Mestre Ygbere e à sua Linhagem!

Vida longa à Ordem Iniciática do Tríplice Caminho e ao Templo do Caboclo das Sete Ondas!

Aranauam Ra-Anga Eua Arasha Hum

Discípulos de Mestre Ygbere